sexta-feira, 23 de novembro de 2007

HERANÇA DA DITADURA


ANA LÍDIA

Ana Lídia Braga, 7 anos, foi deixada pelos pais no pátio do colégio Madre Carmem Salles, em Brasília, na tarde do dia 11/09/1973. O jardineiro do colégio viu quando ela e um rapaz loiro, alto, saíram pelo portão lateral. Ana Lídia desapareceu. Por volta de meio-dia do dia seguinte, ela foi encontrada morta no terreno da universidade. Seu corpo estava nu. O rosto, enterrado na terra. As escoriações e manchas roxas indicavam que ela havia sido arrastada pelo cascalho. A perícia apontou a causa da morte como asfixia, e constatou que o assassino mantivera relações sexuais com o cadáver de Ana Lídia, Seus cabelos loiros foram cortados de forma irregular, bem rente ao couro cabeludo, e estavam espalhados pela terra no local do crime. O irmão dela, Alvaro Henrique Braga e um conhecido da família, Raimundo Lacerda Duque, foram acusados do crime na época, mas acabaram absolvidos por falta de provas. Nomes de filhos de pessoas influentes na sociedade de Brasília foram citados no inquérito, mas estranhamente eles não foram investigados. O seqüestro e assassinato da menina Ana Lídia ocorreram em plena ditadura militar, durante o governo do Presidente Médici. Sem que os culpados fossem encontrados, o Caso Ana Lídia se tornou símbolo da impunidade em Brasília. O mistério que envolve o assassinato da menina só aumentou com o passar dos anos. Ana Lídia virou nome de um parque em Brasília, e hoje, mais de 30 anos depois de sua morte, seu túmulo é um dos mais visitados na cidade.
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Álvaro Henrique Braga Irmão de Ana Lídia, absolvido pelo crime tinha 18 anos na época do crime. Foi acusado pelo rapto da irmã porque suas características físicas batiam com a do seqüestrador. Na época, a polícia afirmou que o motivo do crime seria uma dívida de drogas e que Ana Lídia fora entregue aos seqüestradores em pagamento. Álvaro ficou preso mais de um ano e, em outubro de 1974, foi absolvido por falta de provas. Durante todo o processo, ele recebeu o apoio dos pais, que afirmavam que o rapaz estava no carro com eles no momento em que a menina fora levada. Hoje, Álvaro Henrique mora no Rio de Janeiro.
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Raimundo Lacerda Duque Absolvido pelo crime
Era funcionário público e subordinado de Eloysa Braga, mãe de Ana Lídia. Tinha 30 anos na época e era viciado em drogas e alcoólatra. Foi acusado de ter recebido Ana Lídia das mãos de Álvaro Henrique e de a ter entregue para um grupo de traficantes. Duque chegou a fugir de Brasília quando soube que era suspeito e meses depois foi preso no Pará. Como Álvaro Henrique, Duque ficou preso até o julgamento , em outubro de 1974, e foi absolvido por falta de provas. Em 2005, Duque morreu aos 62 anos em Anápolis (GO) vítima de complicações decorrentes do alcoolismo.
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Eduardo Eurico Rezende, o Rezendinho, filho do senador Eduardo Rezende Tinha 21 anos na época , junto com Buzaidinho, teve seu nome citado por algumas testemunhas ao longo do processo, o cerco judiciário a ambos tornava-se intransponível em 1973. No papel de testemunhas, os dois foram convidados a depor na audiência que julgava Álvaro e Duque em 1974. Buzaidinho não compareceu, sendo representado por seus advogados. Intimado a depor sobre suas ligações com o crime, Rezendinho chegou em 1974 ao Tribunal do Júri acompanhado de seu advogado, Jesse Alexandre Burns, um dos mais renomados de Vitória (ES). Como Buzaidinho, Rezendinho negou qualquer ligação com o crime e com os outros envolvidos. Na época, estava detido por acusação de uso de entorpecentes, sendo condenado a tratamento em um hospital. Nunca foi formalmente acusado do crime de Ana Lídia. Em 1990, aos 38 anos, suicidou-se com um tiro no ouvido em seu apartamento em Vitória.
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Alfredo Buzaid Júnior, o Buzaidinho. Era filho do então Ministro da Justiça Alfredo Buzaid e foi apontado por algumas testemunhas como suspeito de envolvimento no Caso Ana Lídia. Na época ele tinha 17 anos e era conhecido como Buzaidinho. Ele nunca chegou a ser indiciado. Convocado para depor como testemunha, ele nunca compareceu ao Tribunal de Justiça de Brasília. Meses depois, Buzaidinho prestou depoimento por carta precatória em São Paulo, onde foi morar após o crime. Na ocasião, ele declarou "desconhecer todos os indiciados e só ter tomado conhecimento do crime através da imprensa". Esta foi a única declaração de Buzaid Júnior, que morreu em um acidente de automóvel em novembro de 1975, aos 19 anos, quando voltava de uma corrida automobilística. Chegou-se a suspeitar de que sua morte seria uma fraude. Mas em julho de 1986, seu corpo foi exumado e confirmou-se que ele estava morto.
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Esses dados foram compilados do G1 de ontem.
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No programa LINHA DIRETA, foi enfocado o caso, que apesar de bem apresentado, deixou mais questionamentos que esclarecimentos.
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1) Vale lembrar que à época, imperava a fase mais ferrenha da ditadura militar. Estudantes, militantes contra-revolucionários eram assassinados nos porões dos cárceres e até jornalista, como o caso Herzog;
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2) O juiz do caso Ana Lídia, Dirceu de Farias, entrevistado no programa Linha Direta, não convenceu. Justificou sua sentença absolvendo os reus, por falhas nas investigações e falta de elementos. Ora, qualquer magistrado pode solicitar da polícia novos elementos e provas. O programa anunciou que o tal meretíssimo iria estar na sala de bate-papo para outros esclarecimentos. Eu fui lá e o juiz NÃO COMPARECEU. Estranho, né?
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3) O envolvimento de um filho de um senador e do então ministro da Justiça (que era nomeado pelos milicos), certamente foi o motivo pelo qual tal processo terminasse em pizza;
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4) Para saber mais das falhas gritantes no processo, clique aqui:
http://www2.correioweb.com.br/cw/EDICAO_20030911/pri_cid_110903_175.htm
http://www2.correioweb.com.br/cw/EDICAO_20030911/pri_cid_110903_175.htm
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5) Se a parcial e cagona justiça da época optou pela IMPUNIDADE, Deus não fez o mesmo, eis que puniu os envolvidos, como se pode notar acima. Falta um ainda...