quinta-feira, 20 de novembro de 2008

PELÉ O MACUNAÍMA GLOBALIZADO

Edson o herói sem caráter

Mario de Andrade ainda na primeira metade do Século XX imortalizou o pitoresco personagem de seu livro MACUNAÍMA, O HERÓI SEM CARÁTER e a história irreverente ganhou as telas cinematográficas, onde esse personagem foi interpretado pelo brilhante e saudoso ator negro GRANDE OTELO.

Pelé, o herói do futebol, indubitavelmente, é a edição (ou Edson?), renovada de Macunaíma. De origem humilde conseguiu as maiores glórias que um jogador de futebol pode conceber. Fama, fortuna e glória! Justo e merecido!

O caráter do herói, no entanto, segue outra via que vai do preconceito ao complexo de superioridade ou narcisismo, sei lá...

Vamos aos fatos:

1- Pelé nunca prestigiou suas origens como afro-brasileiro. Casou-se ou emancebou-se várias vezes e todas as infelizes brancas caucasianas. Até neste ponto, tudo normal, só pra constar...

2- Durante seu reinado de glória, o país viveu uma ditadura militar que matava estudantes, estuprava jovens, perseguia estudantes, artistas e intelectuais. Pelé nunca se pronunciou publicamente a esse respeito. Considerando sua fama mundial seu posicionamento seria de inestimável valor. Apenas se omitiu covardemente!

3- Quando marcou o tão decantado milésimo gol, ele cara-de-paumente dedicou o heróico feito às crianças carentes, (no intervalo do jogo de ontem, Brasil e Portugal, ele lembrou o fato quando entrevistado pelo grande filósofo contemporâneo GALVÃO BUENO). E porque cara de pau? Justamente pelo motivo de que ele, Pelé, teve um caso com uma lavadeira pobre e preta e como resultado uma filha, que a renegou até as barras dos tribunais. Foi necessário exame de DNA para desmascarar o nosso herói. Certamente a filha rejeitada não fazia sequer parte do tal milésimo gol.

4- Mesmo comprovada a paternidade, a filha já adulta, não foi por ele reconhecida. O motivo todos sabem: a infeliz era negra e pobre. Morreu tempos depois nesta condição e nem mesmo ao enterro o pai-herói compareceu. Mandou um moto boy entregar flores que a família jogou-as no lixo, lugar onde o pai deveria estar não fosse a nossa imprensa fútil, omissa e bajuladora.

A história é escrita pelos vencedores. Sempre foi assim e hoje, dia da consciência negra, fico a meditar como somos idiotas. Nenhum movimento negro repudiou o herói Macunaíma e vamos engolindo toda essa parvoice medíocre.

Filius est pars patris. O filho é uma parte do pai.