segunda-feira, 2 de maio de 2011

MORTE DE BIN LADEN E A INTERROGAÇÃO HISTÓRICA.








A investida americana, com participação de tropas paquistanesas, conseguiu matar o líder da Al-Qaeda Osama Bin Laden após mais de uma década de tentativas frustradas, desde os ataques às embaixadas americanas em 1998. O episódio dos ataques às torres gêmeas em Nova York e do Pentágono em 2001 feriram de forma contundente o orgulho americano que até então nunca havia assistido a uma ação destruidora em seu próprio território e esse “espinho na garganta” foi colocado para fora após a notícia da morte de Bin Laden em manifestações públicas que as redes de TVs mostraram ostensivamente durante toda madrugada do dia 02 passado.




O presidente Obama declarou que os EUA estavam vingados e como tal, certamente ele deve apostar na reabilitação de sua avaliação popular que se encontra em declínio, com vistas às próximas eleições onde ele pretende ser reeleito. Afinal foi no seu governo que o inimigo número um dos americanos foi abatido.






Os EUA tiveram o cuidado de não expor o corpo de Bin Laden, talvez para não ferir os conceitos religiosos extremados do islamismo e não cometer o mesmo erro em expor o cadáver tal como ocorreu com o de Che Guevara e que veio a provocar uma antipatia generalizada das nações que aspiravam por mais liberdade política, principalmente na América Latina. Esta exposição motivou a criação do mito Guevara que até hoje é reverenciado como símbolo da luta dos oprimidos contra o grande império americano. Ao que se depreendem os EUA aprenderam a lição.






Acredito que o governo americano não vá cometer o erro de julgar essa morte como o fim das hostilidades tribais dos muçulmanos. Essa contenda é mais antiga que a própria América. Demanda desde o século XI quando foram organizadas as Cruzadas. Os “Soldados de Cristo” iniciaram uma guerra que durou quase 200 anos contra os muçulmanos que haviam ocupado Jerusalém. Estabeleceu-se assim a rivalidade entre cristãos e muçulmanos e assim permanece até a atualidade.






Para nós ocidentais Bin Laden e as tribos fundamentalistas são consideradas terroristas. Para os radicais muçulmanos eles são heróis que defendem os princípios do Al Corão, estabelecidos pelo profeta Maomé. É, pois, uma rivalidade política tendo como pano de fundo a religiosidade extremada, daí a complexidade e a cautela em não julgar a morte de Bin Laden como o fim de uma contenda que abalou os alicerces do império americano, este considerado pela Al-Qaeda como o braço ativo de satanás. O epílogo está longe de seu termo.



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