sábado, 11 de junho de 2011

A FALECIDA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS

A instituição fundada por Machado de Assis, Olavo Bilac, Graça Aranha, Joaquim Nabuco, Teixeira de Melo, Visconde de Taunay e Rui Barbosa, que acolheu as mais altas autoridades da literatura e do pensamento brasileiro durante o século XX e os últimos anos anteriores, encontra-se em crise de identidade, nesses primeiros anos do terceiro milênio.

Após admitir entre seus componentes figuras que honraram e dignificaram a pátria brasileira e ter a auréola da mais prístina luz da inteligência nacional, hoje é uma mera bazófia humana, a abrigar no mesmo teto dos antigos imortais, nas mesmas cadeiras de insignes literatos, personagens intelectualmente questionáveis, como o político José Sarney e o “fazedor de livros” Paulo Coelho.

Evidente que entre os 40 membros, a maioria é merecedora de ocupar o panteon sagrado das letras brasileiras. No entanto, foi essa mesma maioria, juntamente com os execrados do idioma pátrio, que outorgaram, recentemente, a Medalha Machado de Assis, a mais importante comenda da Academia, ao jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho, cujo mérito reconhecido é de ter a capacidade de assinar o seu nome nos contratos milionários que firma e quando dá um autógrafo a uma amouca “maria chuteira”.

No andar da carruagem, ora com rodas quadradas, da Academia, por certo, os próximos agraciados com tal “distinção” e “mérito” deverão ser personalidades como a Xuxa, Hebe Camargo, Faustão, Tiririca e Fernandinho Beira-Mar.

Particularmente eu não acredito em final de mundo, mas sim em final de ciclo. Um dos sintomas mais determinantes que acusam um “final dos tempos” é o declínio das instituições, que provoca as inversões de valores, alija a meritocracia e impõe a mediocracia, tal como verifica-se no âmbito da política, dos meios de comunicação, nas entidades educacionais, na música e na cultura de maneira geral.

O mundo da meritocracia acabou na década de 70. Estamos a cumprir tão somente os éditos do senhor tempo, que nos impele a aceitar a decadência institucional como fator de sobrevivência e a promover de forma aceitável o cortejo funerário da dignidade humana.

Ó TEMPORA, Ó MORES!
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