terça-feira, 13 de abril de 2010

RIO/NITEROI - TRAGÉDIA ANUNCIADA

Eva uma jovem niteroiense antiga leitora deste blog enviou-me comentário me detonando por não postar nada sobre a calamidade que abateu sua cidade nestes últimos dias. Embora resida atualmente nos EUA, ela diz acompanhar meus poucos artigos e me classifica como INSENSÍVEL.

Escrever sobre catástrofes naturais não é minha praia. Minha visão sobre isso não se restringe ao momento do fato. Vai mais aquém e por isso temo não ser entendido. No entanto vou atender minha querida Eva que está grávida e se a conheço um pouco deve estar radiante por colocar no mundo mais um ser no nosso complicado planetinha.

Desde os primórdios da civilização, lá pela mesopotâmia, os humanóides preferem residir em cidades. Quanto maior melhor. A área rural sempre foi marginalizada culturalmente e até estruturalmente. Na Idade Média chegaram a construir altíssimos muros para delimitar as cidades dos campos. No Brasil pejorativamente os habitantes da zona rural ou de cidades interioranas são chamados de CAIPIRAS. O preconceito existe e permanece.

Se um alienígena percorresse o nosso planeta não entenderia o que move os humanos em se aglomerar nas grandes metrópoles, submetendo-se às agruras de favelas, tráfego, criminalidade, violência e outras inconveniências e logo ali, a pouca distância, tanto espaço vazio ocupado pelas fazendas, sítios, chácaras.
Quem conhece a cidade do Rio de Janeiro não acredita que milhões de pessoas possam morar em morros íngremes como verdadeiros formigueiros humanos.
Para se locomover há que existir os metrôs. Ou seja, ao contrário de Ícaro que ousou voar, os humanóides atuais precisam usar buracos. Não mais a magestade da águia e sim o enrustido tatu.

A reforçar esta realidade está a orientação mercantilista/capitalista que lucra com essa compactação humana. Os produtos são mais facilmente vendidos, a propaganda mais fácil assimilada, os lucros mais fáceis. e rápidos.

Aos políticos tanto melhor. Da mesma forma que circula favoravelmente as transações comerciais também a massificação política.

Em Niterói e Rio chegou-se ao cúmulo de construir aterros sanitários de baixo para cima, contrariando assim as leis físicas. Tudo isso avalizado pelos poderes públicos. Acredito que no mundo é inédita tal burrice. Como não bastassem os tantos morros lá existentes, edificaram morros de lixo e o mais grave, permitiram sobre os mesmos construir casas e até escolas.

A cidade de São Paulo já não existe limites visíveis no seu entorno. Uma visão aérea permite ver desde Campinas (90 km de SP) até o ABCD um só aglomerado urbano. O crescimento é contínuo e geométrico, tal como ocorre também em outras metrópoles. Então eu pergunto: Como será daqui a 50 anos?

A realidade é que não são as cidades que precisam mudar, é a mentalidade humana, é o sistema econômico, é uma nova consciência planetária. O homem urbano sofre por edificar guetos, favelas, prisões domiciliares, sindicados do crime, governos paralelos. É mais inteligível ser CAIPIRA !