quinta-feira, 10 de abril de 2008

CASO ISABELLA - PATOLOGIA OU PREMEDITAÇÃO?


Reportando-me às carteiras do curso de psicanálise que um dia ousei fazer para depois desistir, ouso também fazer um diagnóstico sobre o crime da menina Isabella.
Há dois tipos de assassinos (excluindo-se drogas):
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1 – Comum - Um tem plena consciência do ato, premeditado ou não. Neste caso há sempre uma razão determinada embora em alguns casos, não importa, essa razão seja absorvida pelo estado emocional. No caso da Isabella o assassino ou a assassina, possivelmente seria uma pessoa desvinculada da família, um crime comum, se é que assim podemos denominá-lo. Notoriamente um crime consciente.
2- Patológico - A Psicanalista Gail Saltz (Anatomia de uma Vida Secreta 2007. Editora Gente), faz um exame profundo de como uma vida
secreta é formada, sobrevive, justifica-se e é exposto pela mente doentia. Ela mostra como podem divergir das normas que terminam destruindo suas próprias vidas e as vidas que são envolvidas por eles. Para a autora, todos têm um lado oculto, mesmo que inconsciente que pode ser revelado aos poucos, durante toda a vida, e isso pode funcionar como algo saudável, mas ao mesmo tempo destruidor. Segundo a psiquiatra, essa vida secreta pode ameaçar as atitudes do dia-a-dia, dos relacionamentos, das carreiras e, em casos extremos, a vida de outras pessoas que conviveesses são seres patológicos esquisitóides. Nem todos passam por uma vida dramática, mas atitudes ocultas podem, de fato, influenciar a vida de um indivíduo, iludindo-o com fantasias.
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O que acontece na mente de uma pessoa esquisitóide? No ato que é acometido por esse tipo de loucura, há um estreitamento de sua consciência. Mal comparado, podemos exemplificar como sendo um computador, que sob a influência de um vírus só consegue abrir uma pasta, dentre centenas. Este arquivo funciona momentaneamente para depois se apagar para sempre. Os atos praticados neste estado patológico não ficam registrados na mente do autor, ou quando resistem, lembram-se apenas de fragmentos. É comum observar um autor de crime hediondo não ter nenhum remorso. Não tem porque sua consciência não registrou. É como se outra pessoa tivesse sido o autor do crime.
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Isso dificulta as investigações baseadas em depoimentos do acusado, visto que ele não tem noção alguma do que praticou. Nem detector de mentiras funciona.
Esse estreitamento da consciência é provocado muitas vezes por causas banais, como um choro de criança, uma discussão ou até sem motivo aparente.
Mesmo no caso de sadismo há essa correlação. O objetivo do paciente sádico não é, necessariamente, obtenção do prazer pela agonia do outro. O desejo de infligir dor não é a essência do sadismo, mas o impulso de exercer domínio absoluto sobre o outro, convertê-lo num objeto impotente da vontade do sádico. Por essa razão, o objetivo mais importante é conseguir que sofra, posto que não há maior poder sobre outra pessoa que o de vê-lo sofrer.
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As investigações sobre o caso Isabella estão nos finalmentes e penso que o biótipo do assassino está inserido entre essas duas vertentes, ou seja, crime comum praticado por não familiares ou crime patológico por familiares... Ou não?